sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cena doméstica a la Magritte

Ilustração: Lu Gomes

Ela estava lavando louça de baby doll e calcinha, de repente ele veio por trás. Abriu a geladeira, a lata de cerveja, encheu o copo, a espuma transbordou. Tomou um gole, enxugou o bigode nas costas da mão e sorriu. A cena era surreal. Eles tinham acabado de quebrar o pau. Por que ele vinha agora? Ela olhou de lado, passou para o fogão. Mulher na cozinha, depois da briga, é perigo. Furacão. O segredo é fazer tudo rápido. Assertivo, ele avançou com a latinha na mão e quando ela sentiu que não ia escapar, hasteou a bandeira da paz. Tirou o baby doll, deixou a mão dele em paz. Puxada pelo rabo de cavalo, beijou gostoso, sua língua, o órgão em si, se entendia com a dele. O problema era quando falavam. Melhor beijar. Agora ela se interessou. Já que estavam na cozinha, ofereceu o pescoço de bandeja. Ele gostou. Por trás era boa posição. O resto é conversa fiada.