domingo, 31 de janeiro de 2016

Amor sem enrolação na Broadway

Ilustração: Lu Gomes

A gente deve correr atrás do amor ou o amor é que corre atrás da gente? 
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Rumi (1207-1273), poeta persa do século 13, responde:
"Sua tarefa não é buscar o amor, mas apenas procurar e encontrar todas as barreiras dentro de si mesmo que você construiu contra ele".
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Marina borrifou água termal no rosto e foi procurar Ricardo sem calcinha quando soube que ele tinha chegado. Ricardo estava fora havia um mês, em viagem de trabalho no Deserto de Atacama. Sabe Deus o que o cara tinha ido fazer no Chile. Marina ficou nervosa porque ele voltou sem avisar. Desconfiada de samba, foi até o apê dele usando longo e cheirosa, para a conversa não ter enrolação e acabar ali mesmo, onde ela queria. Ricardo levou susto ao abrir a porta. Já estava tomando um uisquinho, mas sozinho. Sorte da Marina. Ou azar. Noite agradável, o papo começou quente, teve tomada de satisfação, discussão. Ok, Ricardo queria uma folga, namoro longo, cansa. Mas já que Marina estava ali, sexy e linda, melhor traçar e calar. Um pedido de desculpas e caso encerrado sem B. O.

Fetiche de carnaval

Ilustração: Pinterest

Odalisca. Essa era a fantasia que ela queria usar. Fantasia SSS: sensual, submissa, sossegada. O carnaval tinha deixado de ser sua festa preferida desde a adolescência, quando morava no interior e cheirava lança-perfume (como era mesmo o nome? Universitário). Naquele tempo, ela se atracava com os meninos lindos da cidade no salão do clube lindamente decorado. Gostava de dançar na confusão. Dava gosto, tesão. As pessoas lindas se beijavam e ela beijava também. Bebiam, fumavam, cheiravam, beijavam. Alguns exageravam, claro, mas tanto tempo atrás é passado, e passado passou. Foi. Deu. Agora ela atacava de odalisca do segundo milênio no carnaval brasileiro. Entrega total.